quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Meu coração tardou

Meu coração tardou. Meu coração
Talvez se houvesse amor nunca tardasse;
Mas, visto que, se o houve, houve em vão,
Tanto faz que o amor houvesse ou não.
Tardou. Antes, de inútil, acabasse.

Meu coração postiço e contrafeito
Finge-se meu. Se o amor o houvesse tido,
Talvez, num rasgo natural de eleito,
Seu próprio ser do nada houvesse feito,
E a sua própria essência conseguido.

Mas não. Nunca nem eu nem coração
Fomos mais que um vestígio de passagem
Entre um anseio vão e um sonho vão.
Parceiros em prestidigitação,
Caímos ambos pelo alçapão.
Foi esta a nossa vida e a nossa viagem.

Fernando Pessoa

Sem tempo e disposição


Levei quase um mês para voltar a colocar alguma coisa aqui. Primeiro estava sem tempo para postar, sempre dizendo "amanhã eu entro no blog". Depois algumas coisas chatas aconteceram na minha vida e não tive ânimo para postar. Foram dias complexos, difíceis para mim. Sempre que pensava em abrir o blog só pensava em poemas tristes. Sentimentos fortes e nada agradáveis. Fiquei com raiva, fiquei triste, fiquei decepcionada.
Muitas vezes as pessoas fazem coisas que não te agradam, mas você não liga. Só que aí elas fazem outra vez. Se não der um basta vai ficar a mágoa.

AS LÁGRIMAS?
Não as seque.
Elas precisam correr na minha, na sua, em todas as faces.

O SORRISO?
Esse deve se segurar.
Não o deixe ir embora.
Agarre-o!

Fernando Pessoa